Nota de editor:Devido àexistência de erros tipográficos neste texto,foram tomadas várias decisões quanto àversão final. Em caso de dúvida, a grafia foimantida de acordo com o original. No final deste livroencontrará a lista de erros corrigidos.

RitaFarinha (Junho 2013)




O PRIMO BAZILIO






PORTO: TYPOGRAPHIA DE A. J. DA SILVA TEIXEIRA
Rua da Cancella Velha, 70










EÇA DE QUEIROZ




O PRIMO BAZILIO

EPISODIO DOMESTICO




SEGUNDA EDIÇÃO, REVISTA




LIVRARIA INTERNACIONAL

DE

ERNESTO CHARDRONERNESTO CHARDRON
PortoBraga

1888







Porto: 1878—Typ. do A. J. da Silva Teixeira, Cancella Velha, 62




O PRIMO BAZILIO




I



Tinham dado onze horas no cuco da sala dejantar. Jorge fechou o volume de Luiz Figuier queestivera folheando devagar, estirado na velhavoltairede marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou edisse:

—Tu não te vaes vestir, Luiza?

—Logo.

Ficára sentada á mesa, a lêr o Diario de Noticias,no seu roupão de manhã de fazenda preta,bordado a soutache, com largos botões demadreperola;o cabello louro um pouco desmanchado, comum tom secco do calor do travesseiro, enrolava-se,torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito;a sua pelle tinha a brancura tenra e lactea daslouras: com o cotovêlo encostado á mesa acariciava[6]a orelha, e, no movimento lento e suave dos seusdedos, dous anneis de rubis miudinhos davam scintillaçõesescarlates.

Tinham acabado d'almoçar.

A sala esteirada, alegrava, com o seu tecto demadeira pintado a branco, o seu papel claro de ramagensverdes. Era em julho, um domingo: faziaum grande calor; as duas janellas estavam cerradas,mas sentia-se fóra o sol faiscar nas vidraças, escaldara pedra da varanda; havia o silencio recolhidoe somnolento de manhã de missa; uma vaga quebreiraamollentava, trazia desejos de séstas, ou desombras fôfas debaixo d'arvoredos, no campo, ao péd'agua; nas duas gaiolas, entre as bambinellas decretone azulado, os canarios dormiam; um zumbidomonotono de moscas arrastava-se por cima da mesa,pousava no fundo das chavenas sobre o assucar malderretido, enchia toda a sala d'um rumor dormente.

Jorge enrolou um cigarro, e muito repousado,muito fresco na sua camisa de chita, sem collete, ojaquetão de flanella azul aberto, os olhos no tecto,pôz-se a pensar na sua jornada ao Alemtejo. Era engenheirode minas, no dia seguinte devia partir paraBeja, para Evora, mais para o sul até S. Domingos;e aquella jornada, em julho, contrariava-o comouma interrupção, affligia-o como uma injustiça.Que massada por um ve
...

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